Teoria Dow (Dow Theory)

      A teoria de Dow é uma das principais bases da análise gráfica. A teoria é composta por alguns princípios básicos que estudaremos a seguir.
      Princípio 1: Os Índices Descontam Tudo
Os índices representam a ação conjunta de inúmeros investidores, desde os mais bem informados (que contam com as melhores informações e previsões) até os muito inexperientes.
As variações diárias dos preços de um índice, portanto, já têm incluídas (descontadas) no seu valor os eventos que irão acontecer e que são desconhecidos pela maioria dos investidores.
Dessa forma, todo o fator que afeta a relação de oferta/demanda está refletida no preço do mercado. Entretanto, existem os eventos que são imprevisíveis e que as pessoas não têm como saber, como calamidades naturais, catástrofes como os atentados nas torres americanas, etc.
Esses são os chamados "atos divinos" , quando acontecem podem gerar fortes oscilações iniciais, mas acabam sendo absorvidos pelo mercado.
      Resumo do Princípio:
         Todo o fator que afeta a oferta x demanda está refletido no índice.
         O Índice já possui em seu valor (já descontou) eventos futuros que a imensa maioria não conhece.
         Acontecimentos completamente inesperados são rapidamente avaliados e seus possíveis efeitos absorvidos.


     Princípio 2: As Três Tendências do Mercado
         O segundo princípio de Dow afirma que o mercado possui três tendências de movimento: primária, secundária e terciária.
         A tendência primária é a tendência principal de um mercado. É um movimento longo que pode ser de alta ou de baixa e que leva a uma grande valorização ou desvalorização dos ativos.
         Não existem regras matemáticas exatas para definir o tempo de duração das tendências, entretanto, as tendências primárias duram aproximadamente de 1 a 2 anos.
         Na figura abaixo, as linhas verticais estão fazendo uma separação entre três tendências primárias no índice Bovespa.



         Uma tendência primária não se movimenta em linha reta. Ao observarmos o mercado (como no gráfico acima) percebermos que o movimento acontece como um zigue-zague.
          Em um mercado de alta, após um impulso para cima que forma um novo topo (mais alto que o anterior), temos uma correção que forma um novo fundo (também mais alto que o fundo anterior).
         Em uma tendência de baixa o oposto acontece, após uma queda que forma um fundo mais baixo, acontece uma reação que cria um topo mais baixo. O conjunto desses impulsos e correções dentro de uma tendência primária são as chamadas tendências secundárias.
        Uma tendência secundária dura de 3 semanas a alguns meses e pode corrigir até dois terços da tendência primária que ela faz parte.
As tendências terciárias fazem parte das secundárias. São movimentos menores de, em média, até 3 semanas. Elas se comportam em relação às tendências secundárias da mesma maneira que as secundárias em relação às primárias.
        Quando estamos analisando o mercado é interessante classificar as tendências do movimento atual, assim, podemos avaliar melhor as ações a serem tomadas dentro de nossa estratégia operacional.
    
     Princípio 3: As Três Fases dos Movimentos
        Dow fez uma série de observações sobre os movimentos de preços, tanto de alta como de baixa, caracterizando aspectos psicológicos marcantes de cada fase:


     Fases do Mercado de Alta


         Fase 1: No início da alta o mercado começa a ser propulsionado por investidores mais qualificados, que percebem logo que novos ventos estão soprando. Enquanto isso, a maioria ainda acredita que o pior ainda está por vir, o que permite aos investidores de elite comprarem papéis muito baratos. As notícias apresentadas pela mídia refletem as expectativas negativas da maioria.
        Fase 2: A segunda parte é uma aceleração mais acentuada do movimento. A pressão compradora aumenta bastante.
        Fase 3: A terceira fase é marcada por grandes altas. Os participantes do mercado, de maneira geral, estão cada vez mais seguros de seus lucros e os investidores mais bem preparados começam a vender suas posições. A grande massa de investidores está em clima de euforia que se realimenta diariamente nos noticiários. Está aberta a possibilidade para a fase 1 do mercado de baixa.
    
      Fases do Mercado de Baixa
        Fase 1: Nesta fase os profissionais e investidores de elite vendem seus ativos, iniciando a retração.
        Fase 2: É uma etapa marcada por um grande nervosísmo, os investidores percebem o equívoco e tentam se desfazer de suas posições.
        Fase 3: Com as grandes perdas e ativos muito desvalorizados a pressão vendedora se dissipa, oportunidades para uma nova alta começam a surgir.


     Princípio 4: O Princípio da Confirmação
         O princípio da confirmação afirma que para uma reversão de tendência ou rompimento de nível de suporte/resistência (suportes e resistências serão melhor explicados nos capítulos seguintes) ser válido, o fato deve ocorrer em dois índices de composições distintas.
         Assim, um índice confirma o outro, demonstrando que não se trata de uma oscilação temporária do movimento.

         Para ilustrar o princípio da confirmação suponha dois índices (A e B) de composições diferentes, mas que se comportam de maneira semelhante. O índice A, durante uma alta, vence a zona de pressão vendedora (a linha de resistência) e parece seguir com força em sua tendência.
        O índice B, entretanto, ao chegar pela primeira vez na linha de resistência não consegue o rompimento da mesma forma que A. Um investidor que analisa o mercado apenas a partir do ponto de vista do índice A pode concluir que existem boas oportunidade de compra logo após o rompimento.
        Contudo, o que acontece é uma retração, pois o mercado não estava tão forte como demonstrou a falha de rompimento por parte de B.
        Essa é a essência do princípio da confirmação. Dois índices são usados para que um pronuncie uma "segunda opinião" sobre o outro, de modo a validar o que está acontecendo ou indicar uma armadilha. No caso brasileiro, esses dois índices poderiam ser, por exemplo, o índice Bovespa e o IBRX.


     Princípio 5: Volume Deve Confirmar a Tendência
         Este princípio é bastante simples, na teoria de Dow o volume está relacionado com as tendências da seguinte maneira:
       Tendência de Alta: Em uma tendência principal de alta é esperado que o volume aumente com a valorização dos ativos e diminua nas reações de desvalorização.
       Tendência de Baixa: Em uma tendência principal de baixa é esperado que o volume aumente com a desvalorização dos ativos e diminua nas reações de valorização.


     Princípio 6: A Tendência Continua Até Surgir um Sinal Definitivo de que Houve Reversão
        Embora pareça óbvio, este princípio é importante. O mercado não vai cair apenas porque atingiu um nível "alto demais" ou subir porque "já caiu demais". Uma das técnicas mais simples utilizadas é a identificação de falhas ao formar um topo mais alto (em uma tendência de alta) ou um fundo mais baixo (em uma tendência de baixa).
        O investidor deve possuir uma metodologia de identificação de pontos de entrada e saída, existem uma série de ferramentas de análise técnica que ajudam nessas decisões. Neste e em outros tutoriais e artigos você aprenderá sobre padrões clássicos, candles, indicadores e muitas outras armas da escola gráfica.